Primeiro Natal longe de minha família.
Por outro lado, pude conhecer o modo francês de festejar a data, sem dança,
cantorias e abraços à meia-noite, mas com Papai Noel, muito foie gras (fígado de pato), queijos,
vinho e champanhe.
Convidado por uma colega de
classe para passar o Natal com a família dela, eu aceitei de pronto. Não
poderia desperdiçar a oportunidade de saber in
loco como se comemora esse dia na França, apesar de já me terem falado
bastante sobre isso antes.
Por volta das 20h30, chego a
Massy, cidade da região metropolitana de Paris, e gosto do que vejo. Nada de
ruas cercadas por prédios sufocantes, cheias de bares e restaurantes e com trânsito
movimentado. O que vejo é um ambiente bem familiar e agradável. Casas grandes, muito
verde, luzes e enfeites nas janelas...
Apesar da data especial, o silêncio
impera. Nem sinal de músicas natalinas e muito menos de Simone entoando “Então é
Natal...”. Pergunto-me qual era mesmo o número da casa, mas logo vejo a inscrição
ao lado da campainha: Provasi. É, este não é um sobrenome francês, mas é a cara
deste país multicultural.
Explico rapidamente: Minha colega
tem avó italiana (razão do sobrenome Provasi), mas nascida na Argélia. Entre os
filhos dela, já franceses, está o pai dessa amiga, cuja mãe é dinamarquesa. Vive la France e suas múltiplas origens.
Troca de presentes |
A casa parece estar vazia, tendo
em vista que, no Brasil, ouviríamos a gritaria e a música alta facilmente, mas
a porta se abre logo após o primeiro toque da campainha. Ao entrar, vejo mais
de dez pessoas que conversam e brincam sem muito alarde e com muito menos álcool.
Após risos e conversas amenas, nós
nos sentamos à mesa. Isso mesmo, bem antes de meia-noite. A ceia de Natal é um
verdadeiro ritual, o ápice da gastronomia francesa e das regras de etiqueta. Entrada,
muita conversa; Prato principal, ainda mais conversa; Queijos, mais risos e conversa; Em seguida, sobremesa acompanhada de conversas diversas. Então, já passara de
meia-noite e nada de abraços, cantorias e declarações de amor fraterno. Muito
diferente.
Terminada a ceia, chegou a hora do
pai de minha colega se vestir de Papai Noel. Ele nunca havia feito isso, foi um
esforço a mais pela pequena sobrinha-neta. Foi tão sincero, vi que havia
realmente um bonito sentimento ali. Eu poderia escrever umas três páginas
somente sobre esse belo momento.
"Você vai ser boazinha?" |
- Você vai ser boazinha no próximo
ano?
- Sim.
- Pergunto isso porque me
disseram que você vai para o canto, às vezes. Você vai ser boazinha?
- Sim, responde a garotinha, que
parecia sentir um misto de medo, surpresa e felicidade.
Com a partida do Papai Noel,
percebi que ápice do momento fraterno começava ali, e não necessariamente à
meia-noite. Trocas de presentes, belos agradecimentos e, finalmente, música.
Bem baixinha, somente para animar um pouco o ambiente. Música brasileira,
tentativa de dançar samba. Não conseguiram, claro, mas fiquei feliz em ver como
se divertiram. Ainda ganhei uns caramelos e cremes do Mont Saint-Michel, na
região da Bretanha. Uma delícia, por sinal.
E a melhor parte viria na chegada
em casa: como diz uma amiga brasileira, “moramos no futuro”. Com a diferença de
fuso-horário (quatro horas a mais), cheguei em casa a tempo de festejar o Natal
com minha família e amigos, pelo Skype. Mais de três horas de brindes, dança,
fotos, saudades e “vontade de ter dar um abraço”.
Um Feliz Natal.
Oun Cigano ! * * muito lindo .. o meu aki tb foi um tanto diferente, mas como juntamos a brasileirada aqui em casa, o que nao faltou foi musica.. =)
ResponderExcluirPuts Cara! Como você escreve bem! Muito bom mesmo..parabéns. Adorei seu blog, vou acompanha-lo a partir de agora. Pois he, O natal aqui do Brasil é bem diferente mesmo, e o daqui de Natal??kkkkk
ResponderExcluiroque tinha de grafith nas casas era coisa de louco.. kkkkkkkkk em fim, forte abraço e feliz 2012 pra vc.
Muito obrigado, "ciganos". Fico feliz que gostem. :)
ResponderExcluirNem me fale em Grafith, Lailton. Já me disseram que tem uma música nova do tipo "pelo amor de Deus". Nessas horas, fico feliz por estar longe! Hehe...
Feliz 2012!
Ai ! Para mim, teu texto me da desejo de viver um natal brasileiro ! :))) Às vezes acho que você observe nosso modo de viver, como se fosse um extra-terrestre visitando a Terra !!! Gosto muito disso ! Traz um sabor fresco deleitoso ! Um abraço ;)
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