segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Um Natal francês

Primeiro Natal longe de minha família. Por outro lado, pude conhecer o modo francês de festejar a data, sem dança, cantorias e abraços à meia-noite, mas com Papai Noel, muito foie gras (fígado de pato), queijos, vinho e champanhe.

Convidado por uma colega de classe para passar o Natal com a família dela, eu aceitei de pronto. Não poderia desperdiçar a oportunidade de saber in loco como se comemora esse dia na França, apesar de já me terem falado bastante sobre isso antes.

Por volta das 20h30, chego a Massy, cidade da região metropolitana de Paris, e gosto do que vejo. Nada de ruas cercadas por prédios sufocantes, cheias de bares e restaurantes e com trânsito movimentado. O que vejo é um ambiente bem familiar e agradável. Casas grandes, muito verde, luzes e enfeites nas janelas...

Apesar da data especial, o silêncio impera. Nem sinal de músicas natalinas e muito menos de Simone entoando “Então é Natal...”. Pergunto-me qual era mesmo o número da casa, mas logo vejo a inscrição ao lado da campainha: Provasi. É, este não é um sobrenome francês, mas é a cara deste país multicultural.

Explico rapidamente: Minha colega tem avó italiana (razão do sobrenome Provasi), mas nascida na Argélia. Entre os filhos dela, já franceses, está o pai dessa amiga, cuja mãe é dinamarquesa. Vive la France e suas múltiplas origens.
Troca de presentes
 
A casa parece estar vazia, tendo em vista que, no Brasil, ouviríamos a gritaria e a música alta facilmente, mas a porta se abre logo após o primeiro toque da campainha. Ao entrar, vejo mais de dez pessoas que conversam e brincam sem muito alarde e com muito menos álcool.

Após risos e conversas amenas, nós nos sentamos à mesa. Isso mesmo, bem antes de meia-noite. A ceia de Natal é um verdadeiro ritual, o ápice da gastronomia francesa e das regras de etiqueta. Entrada, muita conversa; Prato principal, ainda mais conversa; Queijos, mais risos e conversa; Em seguida, sobremesa acompanhada de conversas diversas. Então, já passara de meia-noite e nada de abraços, cantorias e declarações de amor fraterno. Muito diferente.

Terminada a ceia, chegou a hora do pai de minha colega se vestir de Papai Noel. Ele nunca havia feito isso, foi um esforço a mais pela pequena sobrinha-neta. Foi tão sincero, vi que havia realmente um bonito sentimento ali. Eu poderia escrever umas três páginas somente sobre esse belo momento.

"Você vai ser boazinha?"
 - Você vai ser boazinha no próximo ano?

- Sim.

- Pergunto isso porque me disseram que você vai para o canto, às vezes. Você vai ser boazinha?

- Sim, responde a garotinha, que parecia sentir um misto de medo, surpresa e felicidade.


Com a partida do Papai Noel, percebi que ápice do momento fraterno começava ali, e não necessariamente à meia-noite. Trocas de presentes, belos agradecimentos e, finalmente, música. Bem baixinha, somente para animar um pouco o ambiente. Música brasileira, tentativa de dançar samba. Não conseguiram, claro, mas fiquei feliz em ver como se divertiram. Ainda ganhei uns caramelos e cremes do Mont Saint-Michel, na região da Bretanha. Uma delícia, por sinal.

E a melhor parte viria na chegada em casa: como diz uma amiga brasileira, “moramos no futuro”. Com a diferença de fuso-horário (quatro horas a mais), cheguei em casa a tempo de festejar o Natal com minha família e amigos, pelo Skype. Mais de três horas de brindes, dança, fotos, saudades e “vontade de ter dar um abraço”.

Um Feliz Natal.

4 comentários:

  1. Oun Cigano ! * * muito lindo .. o meu aki tb foi um tanto diferente, mas como juntamos a brasileirada aqui em casa, o que nao faltou foi musica.. =)

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  2. Puts Cara! Como você escreve bem! Muito bom mesmo..parabéns. Adorei seu blog, vou acompanha-lo a partir de agora. Pois he, O natal aqui do Brasil é bem diferente mesmo, e o daqui de Natal??kkkkk
    oque tinha de grafith nas casas era coisa de louco.. kkkkkkkkk em fim, forte abraço e feliz 2012 pra vc.

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  3. Muito obrigado, "ciganos". Fico feliz que gostem. :)

    Nem me fale em Grafith, Lailton. Já me disseram que tem uma música nova do tipo "pelo amor de Deus". Nessas horas, fico feliz por estar longe! Hehe...

    Feliz 2012!

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  4. Ai ! Para mim, teu texto me da desejo de viver um natal brasileiro ! :))) Às vezes acho que você observe nosso modo de viver, como se fosse um extra-terrestre visitando a Terra !!! Gosto muito disso ! Traz um sabor fresco deleitoso ! Um abraço ;)

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