É que, na volta, cruzamos com um rapaz louro, alto e de olhos
azuis, daqueles que costumam acordar às 14h, no domingo. No entanto, ele leva
consigo uma bolsa tiracolo, sinal de quem vai trabalhar ou estudar. O relógio
marca meio-dia.
– Bom dia. Com licença, vocês moram na Maison du Cambodge? –
pergunta. Após resposta positiva, questiona se poderia, por acaso, estudar na
nossa biblioteca. – É que a da Maison International (prédio principal da Cité) só
abre às 13h e eu gostaria de começar a estudar logo – diz, demonstrando uma
timidez ingênua.
Prontamente, dizemos sim. Para um estudante que não se
esforça tanto, é a oportunidade de se ver em outro que trabalha no domingo
(pelo menos isso). Até então, conversávamos em francês. Ao saber que minhas
amigas eram de Barcelona, não hesita em falar espanhol. Quando digo “no hablo muy
bien español; soy brasileño”, ele passa ao português. Pareceu-me que tinha reencontrado um velho amigo. Como bom nordestino, fico encabulado.
– Rapaz, que idioma você ainda vai falar? – pergunto. Com mais vergonha que eu, ele diz: – Minha língua materna é o flamengo (como os
belgas costumam chamar o neerlandês de lál), e também falo inglês e alemão. É que
quero ser diplomata.
Depois de saber que, com 23 anos, esse belga fala
neerlandês, francês, inglês, espanhol, português e alemão, você ainda seria capaz de duvidar de que ele conseguirá?
Encontrar um brasileiro em outro país é praticamente se sentir em casa mesmo. Eu teria pulado de alegria, hahahaha!
ResponderExcluir