segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Dois meses em Paris


Hoje, faz dois meses que estou em Paris. Pois é, o tempo está passando rápido e a paisagem mudando. As máximas de 30ºC, de agosto e setembro, se tornaram de 15ºC, nos dias mais quentes desta segunda quinzena de outubro. Vi o gramado da Cité U congelado, sexta-feira e sábado, e tive medo dos -10ºC que me aguardam, no inverno.

Dois meses já foram o suficiente para minha lista no Facebook ganhar mais de 80 contatos; para eu assistir à final da Copa do Mundo de Rugby com saudade do futebol e da cerveja gelada, aos domingos; receber boas notícias (irmão consegue estágio, amigos passam na OAB) e más notícias (uma prima diz até logo); para minha sobrinha crescer ainda mais e me deixar com o coração na mão, ao mandar tchau pela webcam (daqui a pouco, vai poder chamar o Tonton).

O frio ajuda a dar uma melhorada no visual
Com pouquíssimo dinheiro, tenho aprendido a me virar. Semana passada, consegui minha maior proeza: gastar apenas 15 euros (cerca de 40 reais). Para quem gastava muito mais apenas em um final de semana, me tornei um especialista das compras baratas de supermercado, da gastronomia improvisada e das festas espertas.

Hoje, meu “presente” foi uma primeira prova oficial, na faculdade: Gestão de Recursos Humanos no Exterior. Nada atrativo, mas há algo de interessante para quem sonha em dirigir a comunicação de uma multinacional.

Pelas palavras de preocupação dos colegas de turma, após a avaliação, acredito que estou na mesma situação (Excelente, para um estrangeiro!).

Meu nível de francês também está melhorando bastante. São diversas palavras e expressões novas, como bouffer (gíria para comer), bon aprem’ (bon après-midi, que é como “boa tarde”) e machin (algo como fulano), além de outras que não posso citar aqui.

Para melhorar, só falta conseguir um empreguinho e garantir o estágio de final de curso.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Nota 80 no Enade


Descobri, hoje, o resultado da minha prova de 2009 no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que avalia o rendimento dos alunos em cursos de graduação de instituições de ensino superior brasileiras. 79,7, mais de dez pontos acima das médias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde estudei, e até do Brasil.

Inicialmente, esse resultado me deixa feliz, pois mostra, em parte, que tive uma boa formação. Por outro lado, lembro da quantidade de pessoas vão fazer essa prova desmotivadas, pensando apenas na obrigação.

De qualquer forma, tendo em vista que 75% dos formandos da UFRN tiveram rendimento inferior a 67,1 e, no Brasil, esse número cai para 60,1, tenho mais é que comemorar mesmo. No mais, acredito que essa ainda não é a melhor forma de avaliar os cursos superiores, mas é um avanço se compararmos ao antigo Exame Nacional de Cursos, o “Provão”.

Podem dizer que estou saindo do propósito do blog, mas isso mostra o quanto uma boa formação pode ser importante, até porque esse resultado contribui para aumentar o prestígio da instituição onde estudamos.

Informações completas sobre o Enade nos links abaixo:

domingo, 9 de outubro de 2011

Transporte público e vida de estudante


Metrô - Paris tem uma das maiores redes de metrô do mundo, com mais de 200 km distribuídos entre 14 linhas mais dois “puxadinhos” (3bis e 7bis). Ao todo, são 301 estações em uma cidade relativamente pequena. Com isso, em qualquer ponto da região intra-muros, há uma estação em no máximo 500 metros de distância.

Mapa da rede de metrô, RER e tramway, em Paris
RER - Além disso, ainda conta com uma rede de trens expressos chamada de RER (Réseau express regional), com quase 600 km de vias, das quais em torno de 70 km na área chamada de intra-muros.

Tramway - Outro meio de transporte bastante utilizado, o "Tram” é chamado no Brasil de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). São quatro linhas com mais de 40 km de linhas.

Autobus – Também tem mais de 351 linhas de ônibus, que são daqueles rebaixados e mais parecem trens, pela pontualidade e conforto.

Noctilien - Na madrugada, quando as opções anteriores não estão disponíveis, existem os Noctiliens, ônibus noturnos que circulam até o início da manhã.

Todo esse universo fica disponível para os estudantes com menos de 26 anos por uma taxa anual de 306,50 euros (em torno de R$ 750,00), valor pago pela carte Imagine R. Isso quer dizer que, para se deslocar à vontade pela região central de Paris durante um ano, um jovem precisa desembolsar R$ 62,50 por mês. É ridiculamente barato.

Como se isso já não bastante, nos finais de semana, feriados e férias escolares, é possível utilizar toda a rede na região onde Paris se localiza, que se chama Île de France.

Acha bom? Ainda tem mais: na compra de um menu "Best Of" do McDonald’s (ou McDô, como eles dizem aqui), que é a McOferta, no Brasil, basta apresentar o cartão de transporte e pagar mais 1 euro para ganhar mais um sanduíche.

Essa despesa dá uma aliviada no orçamento apertado de um estudante em Paris.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ajuda para quem pretende estudar na França

A pedido da agência CampusFrance, que é vinculada ao Ministério de Relações Exteriores francês e promove o ensino superior daquele país no Brasil, elaborei um texto e um vídeo sobre minha experiência.


Se vocês que têm interesse de estudar na França conseguirem esquecer os "é...", "hum..." e gagueiras, poderão ter algumas informações interessantes. Talvez minha contribuição possa ajudá-los a elaborar um projeto interessante.

Abaixo, copio o texto que está disponível no seguinte link: http://www.bresil.campusfrance.org/node/44308.

José Pedro Miguel Neto, 24 anos, formado em Comunicação – Habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, cursa o segundo ano de Mestrado (M2) em Management de la Communication, no Celsa, escola vinculada à Universidade Paris-Sorbonne (Paris IV). “Eu já trabalhava neste projeto há bastante tempo e conseguir ser aprovado foi uma grande realização, principalmente por estar estudando nesta que, talvez, seja a melhor faculdade de Comunicação da França.” 

“No mais, fui muito bem recebido, tive todo o auxílio para resolver a parte burocrática e, assim, estou conseguindo aproveitar bastante minha estada em Paris. A estrutura da faculdade é excelente, o nível das aulas me surpreende todos os dias e tenho certeza do quanto essa experiência será importante, não somente no que diz respeito ao meu percurso profissional, mas também para meu aprendizado como pessoa. Por outro lado, mesmo que a vida em Paris seja cara, a relação custo-benefício é excelente. O valor da inscrição para um ano de estudos, já incluída a Sécurité Sociale, foi de, aproximadamente, R$ 1 mil. Para fazer uma rápida comparação, em uma universidade pública de São Paulo, um curso semelhante custaria R$ 16 mil. Além disso, vale a pena ressaltar que a qualidade do ensino superior francês é mundialmente reconhecida.”

sábado, 1 de outubro de 2011

Minhas 24h de desespero


Imagina qual é a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa que já está mal no exterior? Perder o passaporte. E eu perdi o meu, na quinta-feira (29).

Sem esse documento que, no meu caso, o único reconhecido para fins oficiais, eu estava perdido. Já sem dinheiro, precisaria ir à polícia registrar a perda, comunicar o Consulado-Geral do Brasil e solicitar um novo, que custaria R$ 400 e poderia ter prazo de validade reduzido.

Eu pensava sobre onde poderia tê-lo perdido e no quanto havia sido irresponsável. Vasculhei todo o quarto e tive a certeza de que devia ter sido no metrô ou no RER (trem rápido da região de Paris). Fui até um guichê da empresa responsável e, após uma consulta sobre os documentos encontrados durante o dia, a atendente responde: - Sinto muito, mas não está nos nossos registros. Volte amanhã, talvez entreguem logo cedo.

Como se não bastasse todo esse nervosismo, eu ainda tinha uma entrevista no dia seguinte. Pela manhã, consultei novamente na estação e nada. Resolvi ir à seleção assim mesmo. Já poderia prever. Apesar de terem gostado do meu perfil, só poderiam dar continuidade ao processo com esse documento, razão pela qual terei de tentar novamente no próximo mês.

Na volta para casa, já contavam 24h que eu estava sem passaporte. Após verificar se o haviam encontrado aqui na Cité Internationale Universitaire de Paris, onde moro, e receber uma resposta negativa, me conformei. Voltei para casa para refletir e pensar em uma solução.

Abro meus e-mails “et voilà” :

“Bom dia,

Seu passaporte foi encontrado no RER.

Agora, está no Pavilhão Administrativo da CiuP, logo na entrada. O senhor pode passar lá ainda hoje, até as 19h, ou recuperá-lo, a partir de amanhã, no posto de segurança”.

Meu Deus, que alívio. Fui correndo pegá-lo com um grande sorriso e certo de ter aprendido a lição.